A posse de Donald Trump como presidente dos Estados Unidos em janeiro de 2025 não apenas marcou o retorno do ex-presidente ao poder, mas também evidenciou uma proximidade cada vez maior entre o governo e as big techs. A presença de figuras como Mark Zuckerberg (Meta), Elon Musk (X, Tesla e SpaceX), Jeff Bezos (Amazon) e outros bilionários na cerimônia levanta dúvidas sobre quem realmente exerce influência sobre o futuro do país.

Enquanto Trump se beneficia do apoio dessas empresas para expandir seu alcance e consolidar seu governo, as big techs, por sua vez, enxergam no republicano uma oportunidade de flexibilizar regulações e garantir vantagens econômicas. Essa relação estratégica levanta questões sobre o impacto do Vale do Silício na política americana e até que ponto os interesses corporativos podem moldar as decisões governamentais.

O Fim da Checagem de Fatos

Um dos primeiros movimentos da Meta após a posse de Trump foi extinguir sua checagem de fatos independente, um sistema criado para combater a disseminação de notícias falsas em suas plataformas, como Facebook e Instagram. A decisão gerou polêmica, especialmente porque ocorreu em um momento em que a desinformação já é uma das maiores ameaças à democracia.

A checagem de fatos foi implementada após o escândalo da Cambridge Analytica, que expôs como dados de usuários foram usados para influenciar eleições, incluindo a de 2016, que levou Trump à presidência. Agora, com o fim desse mecanismo, surge a preocupação de que as plataformas digitais se tornem um campo fértil para fake news e manipulação política.

A decisão da Meta reflete uma mudança de postura em relação ao governo Trump. Enquanto no passado a empresa enfrentou pressão para moderar conteúdo e combater desinformação, agora parece alinhada aos interesses do novo governo, que historicamente minimizou a gravidade das fake news. O que isso significa para o futuro da informação? Será que as big techs estão abrindo mão de sua responsabilidade social em troca de benefícios políticos e econômicos?

Um exemplo claro dessa mudança foi a rápida disseminação de teorias conspiratórias após o fim da checagem de fatos. Em menos de uma semana, posts questionando a legitimidade das eleições de 2024 e promovendo alegações infundadas sobre o governo Biden ganharam milhões de visualizações no Facebook. Sem o filtro da checagem de fatos, essas narrativas encontraram terreno fértil para se espalhar, alimentando divisões políticas e minando a confiança nas instituições democráticas.

Esse fenômeno não se restringe aos Estados Unidos. No Brasil, por exemplo, o deputado federal Nikolas Ferreira viralizou com um vídeo falso sobre a suposta “taxa do Pix”, uma alegação infundada de que o governo federal implementaria uma cobrança sobre transações feitas pelo sistema de pagamentos instantâneos. O vídeo, que não passava de uma fake news, atingiu mais de 300 milhões de visualizações e gerou pânico entre os usuários, mostrando como a desinformação pode se espalhar rapidamente sem mecanismos de controle.

A falta de checagem de fatos e a velocidade com que notícias falsas se propagam nas redes sociais são um alerta para o poder que as big techs têm sobre a opinião pública. Se antes havia algum tipo de filtro para conter narrativas enganosas, agora essas plataformas parecem mais interessadas em engajamento do que em verdade. E, em um mundo onde a informação é poder, isso pode ter consequências devastadoras para a democracia.

De Vítimas de Bullying a Donos do Poder

Há algumas décadas, figuras como Mark Zuckerberg e Elon Musk seriam consideradas “nerds” — pessoas associadas a estereótipos de isolamento social e falta de habilidades interpessoais. Hoje, esses mesmos indivíduos estão entre os mais poderosos do mundo, frequentando a Casa Branca e influenciando diretamente as decisões do governo dos Estados Unidos.

Mark Zuckerberg Reminisces as Facebook Turns 20: 'We're Still At It'

A ascensão dos nerds ao poder é um fenômeno que reflete a transformação da sociedade. No passado, habilidades técnicas e conhecimento em tecnologia eram subvalorizados. Hoje, são justamente essas competências que definem o sucesso e o poder. Zuckerberg, Musk e outros bilionários do Vale do Silício não apenas construíram impérios tecnológicos, mas também redefiniram o que significa ser influente em um mundo cada vez mais digital.

No entanto, essa mudança também traz desafios. A proximidade desses magnatas com o governo Trump levanta questões sobre como o poder está sendo exercido. Será que os nerds, que antes eram vítimas de bullying, estão agora usando seu conhecimento para moldar o mundo de acordo com seus interesses? E, mais importante, quais são as consequências dessa nova dinâmica de poder?

Zuckerberg: Do Escândalo da Cambridge Analytica à Aliança com Trump

Mark Zuckerberg é uma figura que personifica tanto o potencial transformador da tecnologia quanto os riscos éticos que ela pode representar. Ao longo de sua carreira, Zuckerberg enfrentou inúmeras controvérsias, mas nenhuma foi tão emblemática quanto o escândalo da Cambridge Analytica. Revelado em 2018, o caso expôs como dados de milhões de usuários do Facebook foram coletados sem consentimento e usados para influenciar eleições ao redor do mundo, incluindo a eleição presidencial dos Estados Unidos em 2016, que levou Donald Trump à Casa Branca.

A Cambridge Analytica, uma empresa de análise de dados com ligações políticas, utilizou informações pessoais de mais de 87 milhões de usuários do Facebook para criar perfis psicológicos detalhados. Esses perfis foram usados para direcionar anúncios políticos altamente personalizados, manipulando eleitores e potencialmente alterando o curso da eleição. O escândalo não apenas abalou a confiança no Facebook, mas também levantou questões urgentes sobre privacidade, ética e o papel das redes sociais na democracia.

As consequências foram significativas. Zuckerberg foi chamado a testemunhar perante o Congresso dos Estados Unidos, onde enfrentou duras críticas por sua gestão da crise. A Meta foi multada em bilhões de dólares e, em resposta ao escândalo, surgiram leis como a LGPD (Lei Geral de Proteção de Dados) no Brasil e o GDPR (Regulamento Geral de Proteção de Dados) na União Europeia, que buscam regular o uso de informações pessoais por empresas de tecnologia.

No entanto, apesar das críticas e das consequências legais, Zuckerberg parece ter saído fortalecido da crise. A Meta continuou a crescer, expandindo seu império para além do Facebook e Instagram, com investimentos pesados em realidade virtual, metaverso e inteligência artificial. Para muitos, isso é um sinal de que as grandes empresas de tecnologia são praticamente intocáveis, capazes de se reinventar e prosperar mesmo diante de escândalos de proporções globais.

Agora, com o retorno de Trump ao poder em 2025, Zuckerberg e a Meta estão mais próximos do governo do que nunca. O bilionário foi um dos primeiros a investir milhões na campanha do ex-presidente, seguido por outros magnatas do Vale do Silício. Além disso, a Meta extinguiu sua checagem de fatos independente, um mecanismo criado para combater a desinformação em suas plataformas. Essa decisão, vista como uma concessão ao governo Trump, sugere uma aliança estratégica entre Zuckerberg e o novo governo.

Mas o que isso significa para o futuro da privacidade de dados e da democracia? Será que as lições do passado foram realmente aprendidas, ou estamos repetindo os mesmos erros em uma escala ainda maior? A resposta pode estar nas ações recentes da Meta. Em fevereiro de 2025, a empresa anunciou cortes de 5% de sua força de trabalho global, substituindo funcionários por engenheiros especializados em aprendizado de máquina. Essa mudança reflete uma tendência crescente no Vale do Silício de priorizar a automação e a inteligência artificial.

Além disso, a aliança entre Zuckerberg e Trump levanta preocupações sobre o uso de dados pessoais para fins políticos. Com acesso a informações detalhadas sobre bilhões de pessoas, a Meta tem o poder de influenciar comportamentos e moldar opiniões em escala global. Em um governo que historicamente minimizou a gravidade das fake news e da desinformação, o risco de abusos é ainda maior.

O passado de Zuckerberg e o escândalo da Cambridge Analytica servem como um alerta para os perigos de concentrar tanto poder nas mãos de poucas empresas e indivíduos. Enquanto a Meta continua a expandir seu império, a pergunta que fica é: até que ponto a privacidade e a democracia serão sacrificadas em nome do lucro e do poder? A resposta pode definir não apenas o futuro da tecnologia, mas também o futuro da sociedade como um todo.

O Culto à Testosterona

A ideia de que os amigos de Trump detêm o poder também pode ser analisada sob a ótica do “culto à testosterona”, um fenômeno que valoriza a agressão e a dominância como características essenciais da masculinidade. Brooke Harringtons, professora de sociologia econômica no Dartmouth College e especialista no comportamento dos ultra-ricos, observa – em entrevista à VOX – que esses homens não apenas se veem como superiores, mas como superiores porque são “caras”. Em outras palavras, a masculinidade agressiva é parte fundamental de sua identidade e de como exercem o poder.

Essa dinâmica fica evidente ao observar figuras como Mark Zuckerberg, que recentemente adotou hobbies como artes marciais mistas (MMA) e caça de javalis selvagens. Zuckerberg não apenas pratica essas atividades, mas também as exibe publicamente, como uma forma de reafirmar sua masculinidade e força. Em uma entrevista recente ao podcast de Joe Rogan, ele criticou o mundo corporativo por ser “culturalmente castrado” e defendeu a necessidade de uma cultura que celebre a “energia masculina” e a “agressão”. E essa valorização da agressão como uma virtude masculina não é exclusiva de Zuckerberg.

Elon Musk, outro bilionário próximo de Trump, também se envolveu em polêmicas que reforçam essa imagem. Em 2022, Musk desafiou o CEO do Meta para uma luta em uma jaula, em um episódio que, embora tenha sido encarado por muitos como uma brincadeira, também serviu para reforçar a ideia de que a masculinidade está ligada à capacidade de dominar e intimidar.

Mas o que essa cultura da agressão significa para o exercício do poder? Para Harrington, a resposta está na forma como esses homens enxergam o mundo e suas relações. A agressão, codificada como masculina, é vista como uma ferramenta legítima para alcançar objetivos e manter o controle. No contexto político, isso se traduz em uma abordagem mais autoritária e menos colaborativa, onde a força e a imposição são valorizadas em detrimento do diálogo e da negociação.

Essa dinâmica também reflete uma mudança na percepção social do poder. No passado, líderes políticos eram frequentemente associados a características como inteligência, carisma e capacidade de negociação. Hoje, no entanto, a imagem do “homem forte” — aquele que domina, intimida e impõe sua vontade — ganhou espaço, especialmente entre figuras como Trump e seus aliados bilionários.

No entanto, essa valorização da agressão e da masculinidade tóxica também traz riscos. Ao glorificar a força bruta e a imposição, essa cultura pode minar a democracia e a cooperação, elementos essenciais para a governança eficaz. Além disso, ela reforça estereótipos de gênero que marginalizam mulheres e outras identidades, perpetuando desigualdades e exclusão.

Em um mundo onde o poder está cada vez mais concentrado nas mãos de poucos, a pergunta que fica é: até que ponto a agressão e a masculinidade tóxica moldarão o futuro da política e da sociedade? A resposta pode estar na forma como lidamos com essas dinâmicas e buscamos construir um modelo de liderança mais inclusivo e colaborativo.

Dinheiro, Domínio e Colonização de Marte

O que as big techs e os bilionários próximos de Trump realmente querem? A resposta pode ser resumida em uma palavra: poder. Mas não qualquer tipo de poder — eles buscam um poder sem limites, sem restrições e sem fronteiras. Querem dinheiro infinito, domínio global e até a colonização de Marte. E, para alcançar esses objetivos, estão dispostos a usar tudo o que sabem sobre você para ganhar ainda mais dinheiro e influência.

Essa busca desenfreada por poder fica evidente ao observar as ambições de figuras como Elon Musk, CEO da SpaceX e Tesla. Musk não apenas quer dominar o mercado de carros elétricos e energia sustentável, mas também sonha em colonizar Marte. Em 2022, ele anunciou planos ambiciosos para estabelecer uma colônia humana no planeta vermelho até 2050, um projeto que exigiria bilhões de dólares em investimentos e uma infraestrutura tecnológica sem precedentes. Para Musk, a colonização de Marte não é apenas uma questão científica, mas uma forma de expandir seu império e garantir seu lugar na história como um dos maiores visionários da humanidade.

No entanto, a ambição de Musk é apenas a ponta do iceberg. Empresas como a Meta, de Mark Zuckerberg, e a Amazon, de Jeff Bezos, também estão em uma corrida constante por mais poder e influência. A Meta, por exemplo, investe pesadamente em tecnologias de realidade virtual e metaverso, buscando criar um mundo digital paralelo onde possa controlar não apenas a informação, mas também as interações sociais e econômicas. Já a Amazon, por sua vez, expandiu seu domínio para setores como saúde, entretenimento e até exploração espacial, com a Blue Origin, empresa de Bezos que compete diretamente com a SpaceX de Musk.

Mas como essas empresas planejam alcançar seus objetivos? A resposta está no uso massivo de dados. Com acesso a informações detalhadas sobre bilhões de pessoas, as big techs sabem praticamente tudo sobre você: o que você gosta, o que você come, a hora que você acorda, onde você esteve na semana passada, sua renda, o time que você torce e até seu círculo social. Esses dados são usados não apenas para direcionar anúncios e aumentar lucros, mas também para influenciar comportamentos e moldar opiniões.

Um exemplo claro desse poder é o algoritmo do TikTok, que usa dados de usuários para criar feeds personalizados e altamente viciantes. Em 2023, a plataforma foi acusada de manipular o conteúdo exibido para jovens usuários, promovendo desafios perigosos e conteúdos prejudiciais à saúde mental. No entanto, em vez de enfrentar regulações mais rígidas, o TikTok voltou a operar nos Estados Unidos após a posse de Trump, graças ao apoio das big techs ao novo governo.

Essa busca por poder e dinheiro infinito também tem implicações preocupantes para a sociedade. Ao priorizar o lucro e a expansão, as big techs muitas vezes ignoram questões éticas e sociais, como a privacidade dos usuários, a proteção de dados e o impacto ambiental de suas operações. Além disso, a concentração de poder nas mãos de poucas empresas e indivíduos ameaça a democracia e a liberdade, criando um cenário onde o interesse corporativo prevalece sobre o bem comum.

Em um mundo onde o poder está cada vez mais concentrado, a pergunta que fica é: até onde as big techs e os bilionários estão dispostos a ir para alcançar seus objetivos? A resposta pode estar em suas próprias ações — desde a colonização de Marte até o uso indiscriminado de dados pessoais. No fim das contas, o verdadeiro desafio será encontrar um equilíbrio entre inovação e responsabilidade, garantindo que o poder seja usado para o benefício de todos, e não apenas de alguns poucos.

Quem Realmente Manda nos EUA?

A relação entre Donald Trump e as big techs é complexa e contraditória. Por um lado, o ex-presidente depende do apoio dessas empresas para amplificar sua mensagem e consolidar seu governo. Por outro, as big techs veem em Trump uma oportunidade de flexibilizar regulações e garantir vantagens econômicas. Essa dinâmica cria uma espécie de simbiose, onde ambos os lados se beneficiam, mas também disputam espaço e influência.

Revista americana "Time" mostra Elon Musk na cadeira da presidência dos Estados Unidos

Revista americana “Time” mostra Elon Musk na cadeira da presidência dos Estados Unidos

Durante seu primeiro mandato, Trump teve uma relação turbulenta com as gigantes da tecnologia. Em 2021, após os ataques ao Capitólio, ele foi banido de plataformas como Twitter, Facebook e YouTube, acusado de incitar violência e espalhar desinformação. Na época, Trump reagiu com indignação, chamando as empresas de “censores” e lançando sua própria plataforma, a Truth Social. No entanto, com seu retorno ao poder em 2025, o cenário mudou drasticamente. As mesmas empresas que o silenciaram agora estão ao seu lado, investindo milhões em sua campanha e participando ativamente de sua cerimônia de posse.

Mas o que explica essa mudança de postura? Para as big techs, a resposta está nos benefícios econômicos e regulatórios que um governo Trump pode oferecer. Durante seu primeiro mandato, o republicano promoveu cortes de impostos para grandes corporações e reduziu a burocracia para o setor de tecnologia. Agora, com um segundo mandato, as empresas esperam consolidar essas vantagens e, ao mesmo tempo, evitar medidas antitruste e de proteção de dados que foram propostas durante o governo Biden. Para Trump, o apoio das big techs é essencial para amplificar sua narrativa política e garantir que sua mensagem chegue a milhões de eleitores sem os bloqueios que enfrentou no passado.

No entanto, a pergunta que fica é: quem realmente está no comando? A resposta pode não ser tão simples. Enquanto Trump exerce o poder formal como presidente, as big techs detêm um tipo de poder mais sutil, porém igualmente impactante: o controle sobre a informação. Com acesso a dados detalhados sobre bilhões de pessoas, essas empresas têm a capacidade de influenciar comportamentos, moldar opiniões e até determinar o resultado de eleições.

Um exemplo claro desse poder é o algoritmo do Facebook, que pode priorizar certos conteúdos e suprimir outros, moldando a forma como os usuários enxergam o mundo. Durante as eleições de 2016, a plataforma foi acusada de permitir que a Cambridge Analytica usasse dados de usuários para direcionar anúncios políticos e influenciar votos. Agora, com o fim da checagem de fatos e a flexibilização das regras de moderação, o potencial para manipulação é ainda maior.

A posse de Trump em 2025 marca um momento de inflexão nessa relação. Com o apoio das big techs, o ex-presidente pode consolidar seu governo de forma sem precedentes. No entanto, isso também significa que as empresas de tecnologia estão ganhando cada vez mais influência sobre as decisões políticas. Um exemplo recente é o TikTok, que havia sido banido nos Estados Unidos durante o governo Biden, mas voltou ao ar no dia 21 de janeiro, logo após a posse de Trump. A decisão foi vista como uma concessão às pressões das big techs, que buscam flexibilizar regulações e expandir seu alcance no mercado americano.

Será que os Estados Unidos ainda são uma democracia governada por políticos, ou estamos entrando em uma nova era onde CEOs de tecnologia ditam o rumo do país? A resposta pode estar em um equilíbrio frágil entre os dois. Enquanto Trump usa as big techs para amplificar seu poder, essas empresas usam o ex-presidente para garantir seus interesses. No fim das contas, o verdadeiro vencedor pode ser quem controla a informação — e, nesse jogo, as big techs têm uma vantagem significativa.

Conclusão

A aliança entre Donald Trump e as big techs não é apenas uma questão de conveniência política ou econômica — é um reflexo de uma mudança profunda na forma como o poder é exercido no século XXI. Enquanto Trump busca consolidar seu governo com o apoio das gigantes da tecnologia, essas empresas veem no ex-presidente uma oportunidade de expandir seus impérios sem as amarras de regulações e fiscalizações. No entanto, essa relação simbiótica levanta questões urgentes sobre o futuro da democracia, da privacidade e da própria humanidade.

As big techs, com seu acesso sem precedentes a dados pessoais e sua capacidade de influenciar comportamentos em escala global, estão redefinindo o que significa ter poder. Elas não apenas moldam a forma como nos comunicamos e consumimos informações, mas também influenciam decisões políticas, eleições e até a percepção da realidade. Enquanto isso, Trump, com seu estilo autoritário e sua retórica populista, personifica um tipo de liderança que valoriza a força bruta e a imposição em detrimento do diálogo e da cooperação.

No entanto, o verdadeiro perigo não está apenas na concentração de poder nas mãos de poucos, mas na falta de mecanismos para frear os excessos desse poder. O fim da checagem de fatos, a substituição de trabalhadores por inteligência artificial e a busca desenfreada por lucro e domínio global são sinais de que as big techs estão dispostas a sacrificar ética e responsabilidade em nome de seus interesses. E, em um governo que prioriza a flexibilização de regulações e o alinhamento com essas empresas, há poucas garantias de que os direitos dos cidadãos serão protegidos.

A pergunta que fica é: até onde estamos dispostos a ir como sociedade antes de dizer “basta”? A colonização de Marte, o metaverso e a automação generalizada podem parecer avanços tecnológicos impressionantes, mas também representam riscos significativos se não forem acompanhados de uma reflexão crítica sobre seus impactos. A história recente — do escândalo da Cambridge Analytica ao uso de dados para manipulação política — nos mostra que o poder, quando concentrado e sem limites, pode ser uma ameaça à liberdade e à democracia.

No fim das contas, o futuro não está escrito. Cabe a nós, como cidadãos, exigir transparência, responsabilidade e limites para o poder das big techs e dos governos que as apoiam. A tecnologia pode ser uma ferramenta incrível para o progresso, mas apenas se for usada de forma ética e em benefício de todos. Caso contrário, corremos o risco de viver em um mundo onde o poder está nas mãos de poucos, e o bem comum é sacrificado em nome do lucro e da dominação.